26.8.07

Há dois anos começou Espanha

Hoje faz dois anos que comecei a minha super-hiper-mega extenuante pós-graduação em Petroquímica (sim, a química derivada do petróleo, ex-ouro negro convertido em bode expiatório de todos os males da sociedade). E há dois anos, numa das minhas últimas tentativas de manter em Madrid um quotidiano que se assemelhasse minimamente à minha recém abandonada vida de Lisboa, tive uma experiência hilariante e inesquecível, daquelas que nos fazem gostar de estar no estrangeiro. Ora, às oito da manhã em ponto, acendo a televisão para ver as notícias enquanto como o meu Chocapic com leite fresquinho, não é que, em vez de notícias vejo.... TOUROS? Em todos os canais, em directo, TOUROS! Mas não eram simplesmente touros, eram encierros, essa coisa engraçadíssima que consiste em correr à frente de touros gigantes, possantes e cheios de energia. Eram os encierrros de San Sebastián de los Reyes, uma versão mini dos San Firmines de Pamplona celebrizados por esse comuna irremediável do Hemingway. O mais hilarinte foi o final. No túnel de entrada da praça de touros, um grupo de pessoas (acho que eram todos homens, valha-nos que em geral estas atitudes de santa estupidez lhes estão reservadas a eles) amontoavam-se umas por cima das outras, e claro está, vinham os touros lançados e queriam passar, e eventualmente passavam, daquela forma suave e simpática que os touros têm de demonstrar as suas vontades. Assim foi o pequeno-almoço do primeiro dia de um ano de ISE, um ano exasperante, louco e inesquecível. Nesse dia, quando saí de casa, não tinha visto notícias de guerras e atentados, de violência doméstica e assassinatos, de economia e política, como acontecia habitualmente em Lisboa. Saí meio excitada com aqueles gritos todos, com aquela gente maluca que às oito da manhã estava ali, em directo, na TV, a viver aquela parvoíce como se fosse a coisa mais emocionante do mundo. Coisas destas, só em Espanha.

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