2.9.09

The plot thickens

Uma das mulheres que eu mais amo neste mundo aterra em Madrid dentro em breve. Não é a primeira vez que o faz. Há no entanto uma diferença importante. Desta feita, não vem passar o fim-de-semana. Melhor dito, não vem só passar o fim da semana. Sou consciente que esta mudança a assusta um bocadinho. Talvez porque foi inesperado, talvez porque ainda não fala perfeitamente espanhol, talvez porque sabe que um grande desafio profissional a aguarda deste lado da fronteira. Quanto a mim, estou eufórica. Revivo o que senti, quando, há pouco mais de dois anos, vim viver para Madrid pela segunda vez. Sei que as situações não são comparáveis, mas também sei que esta é uma cidade que a poucos desagrada, e normalmente mesmo os mais cépticos acabam enamorados desta vida em constante movimento. Também me sinto orgulhosa. Fui eu que mais a tentei influenciar para concorrer à empresa onde ela trabalha e que agora a chama a Madrid. Acompanhei todo o processo desde o inicio, desde as primeiras entrevistas, depois a mudança, a adaptação, as expectativas, as dificuldades, as histórias divertidas, o crescer de confiança, tudo. Assisti também ao nascer da parte pior, aquela de que a crise veio e ceifou muitos postos de trabalho. Para ela, felizmente e com mérito próprio, a história foi outra. Como me disse aqui há tempos um amigo meu, actualmente perdido por terras do down under, onde há crise há oportunidades, e mai nada! Neste caso, estou plenamente convencida que a crise lhe trouxe, assim ao estilo do há males que vêm por bem, uma mudança para melhor, a todos os níveis. Claro que os desafios do novo posto, da nova cidade, do novo país, terá que os enfrentar ela. Para mim é fácil falar, pois é. Mas acredito nela. Acho que às vezes, mais até do que ela própria. Por isso dentro de mim só há espaço para a alegria e uma estúpida excitação, parecida com aquele bicho carpinteiro que me faz andar sempre a mudar determinadas coisas, às vezes de país, às vezes de emprego, às vezes de cidade, às vezes até de casa dentro da mesma cidade (e se não tenho nada disso para mudar, mudo a disposição dos móveis para alimentar o bichinho). Desta vez quem muda é ela, embora, de certa forma, mude eu também. Porque tenho com ela uma relação (como aliás tenho com a maioria dos meus amigos), muito pobre presencialmente. Há muito mail, muito telefone e muito amor, mas pouco contacto. E agora isso vai mudar. Pela primeira vez , uma grande amizade das nascidas quando eu ainda estava em Portugal, vem viver comigo, na mesma cidade que eu! Esta proximidade quase siamésica vai ser um teste para nós, como o é a distância para os que estão juntos e logo se separam. Mas sobreviveremos, de certeza, que pior já vivemos e ainda para aqui andamos a rir e a dizer parvoíces.

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