31.10.07
...dos árabes
Hoje, pela primeira vez na minha vida, estive cinco horas seguidas com um árabe. Árabe de verdade, heim? Da Arábia Saudita. Deslocado em trabalho em Espanha a ganhar uma pipa de massa e a regalar a vista com as mulheres praticamente nuas que vê constantemente.
A coisa foi engraçada. Vê-se que ele já sofreu uma evolução considerável desde que está aqui, no entanto, há coisas que são dificeis para um pobre mulçumano. Reparei que sempre que a Paz (minha chefe) lhe dizia “No, that doesn’t make any sense!” ou qualquer coisa deste estilo, o tipo mordia os lábios e cerrava o punho. Suponho que na cabeça dele estaria a afogar a Paz na piscina lá da sua mansão, para a tipa aprender a comportar-se perante um homem. Mas em seguida sorria de forma cínica e perguntava: “OK Paz, tell me, what do you want?” (Árabe espertalhão, já percebeu em poucos meses o que outros cá nascidos não entendem uma vida toda: as coisas são para fazer com nós, mulheres, queremos. E mai nada.)
No meio de isto tudo, o senhor teve um gesto que me agradou particularmente. Tratou-me sempre por Margarida, o que costuma ser raro aqui em Espanha e mesmo em Portugal (veja-se por exemplo o caso do meu ex-chefe, essa obra prima da natureza que me tratava por “ó menina”). Além disso, deu-me um “passou-bem”. Ora, contaram-me que ele já umas vezes se recusou a dar a mão a mulheres porque não podia tocar em coisas impuras! Ou seja, das duas uma, ou eu sou muito pura, ou o homem já se resignou ao facto de ter mulheres a desenharem-lhe o seu amado complexo petroquímico.
Atenção, que este texto não leve ninguém a pensar em coisas tontinhas. Não tenho qualquer interesse no tipo em questão. E mesmo que ele fosse o Brad Pitt árabe (que não é mesmo, é gordo e seboso como uma lontra), mesmo que fosse lindo e riquíssimo, eu quando lido com um árabe lembro-me sempre que se os gajos me apanhassem lá punham-me a esfregar o chão até ao fim da minha vida, e isto era o menos mau que me ia acontecer.
A verdade é que o argumento politicamente correcto do “são culturas diferentes” não pega comiga. Eu não posso respeitar uma cultura que não respeita a minha cultura. Tolero-os, não os discrimino nem lhes lanço bombas, mas sozinha no meio deles não me apanham de certeza absoluta. Assim são os preconceitos.
29.10.07
Porque será...
... que a blogosfera portuguesa está repleta de posts de quatro linhas com clichés pseuso-filosóficos, que mais não são que medíocres tentativas de ser-se "original" e "profundo"? Será que é porque é muito mais dificil (bem) divagar sobre um tema que fazer uma interrogação de dez palavras sobre o mesmo? Naaaah... eu é que sou má. Tão má. Mesmo muito, muito má. Que chatice.
27.10.07
Explicações...
Já alguma vez se perguntaram onde é que eu tinha ido buscar o mote do subtítulo: "Quero sentir o Universo sobre mim"? Não? Não faz mal, eu explico na mesma. É da primeira música da Amaral que eu ouvi na minha vida. Estava num bar com os meus colegas do master, há dois anos, e eles disseram-me para eu prestar atenção que aquela música era eu. A verdade é que sim, amei! E com todas as música da Eva Amaral consigo identificar um estado de alma ou uma recordação da minha vida. Senhoras e senhores, Amaral em: "El universo sobre mi...":
Solo queda una vela
Encendida en medio de la tarta
Y se quier consumir...
Ya se van los invitados
Tu y yo nos miramos
Sin saber bien que decir...
Nada que descubra lo que siento,
Que este dia fue perfecto y parezco feliz...
Nada como que hace nucho tiempo
Que me cuesta sonreir!
Quiero vivir, quiero gritar,
Quiero sentir el universo sobre mi!
Quiero correr en libertad,
Quiero encontrar mi sitio...
Una broma del destino,
Una melodia acelerada
En una cancion que nunca acaba...
Ya he tenido suficiente,
Necesito a alguien que comprenda
Que estoy sola en medio de un monton de gente
Que puedo hacer...?
Quiero vivir, quiero gritar,
Quiero sentir el universo sobre mi!
Quiero correr en libertad,
Quiero llorar de felicidad!
Quiero vivir,
Quiero sentir el universo sobre mi!
Como un naufrago en el mar,
Quiero encontrar mi sitio...
Solo encontrar mi sitio...
Todos los juguetes rotos,
Todos los amantes locos
Todos los zapatos de charol...
Todas las casitas de muecas
Donde celebraba fiestas,
Donde solo estaba yo...
Quiero vivir, quiero gritar,
Quiero sentir el universo sobre mi!
Quiero correr en libertad,
Quiero llorar de felicidad!
Quiero vivir,
Quiero sentir el universo sobre mi!
Como un naufrago en el mar,
Quiero encontrar mi sitio...
Solo encontrar mi sitio...
Solo queda una vela
Encendida en medio de la tarta,
Y se quiere consumir...
25.10.07
Por esta altura do ano, em 1998...
...estava eu a fazer o meu primeiro teste como aluna de engenharia química no Instituto Superior Técnico. Jamais tinha estudado tanto em toda a minha vida. E jamais tinha tido a necessidade de contar os valores de cada pergunta para ver se "dava para o dez". Esta capacidade do IST nos fazer cair dos nossos pedestais de "melhor aluno da turma" no secundário e nos fazer ver que não passamos de uns míseros estudantes que nos vemos "à rasca" para passar, é das melhores coisas que nos podem acontecer. Obriga-nos a ser eficientes, a aprender estudar como deve ser, a trabalhar a mil à hora em vinte coisas distintas ao mesmo tempo, e a não ter sequer tempo para queixas e lamúrias. É sentir na pele o "Eu só sei que nada sei." E ainda assim, passar por tudo isso, e no fim, olhar para trás e sentir um misto de orgulho e admiração pela Casa. É uma lição de humildade para a vida. É por isso que não precisamos de "doutor" nem de "engenheiro" antes do nosso nome. O nosso valor não se define com um título.
PS - E aos "alguns" que saiem do IST inchados de arrogância, definitivamente, não aprenderam a lição, e só por isso nem deviam ter direito ao diploma.
PS - E aos "alguns" que saiem do IST inchados de arrogância, definitivamente, não aprenderam a lição, e só por isso nem deviam ter direito ao diploma.
Ausência forçada...
...devido a essa grande porca da TELEFÓNICA, a pior empresa do mundo (e a maior companhia de telecomunicações da Europa). Não suporto estas ironias do destino.
19.10.07
Momentos históricos
Este Verão quando eu dizia que, com um bocadinho de sorte, chegávamos aos 100 dólares por barril antes do final do ano, a malta ria descaradamente na minha cara. Mas na madrugada passada o WTI tocou os 90,02 dólares em Nova Iorque. Já não parece tão disparato o comentário, não é? Não sei se estar feliz pela pelas minhas capacidades de análise de mercados ou triste por saber que a gasolina está aqui está a aumentar outra vez. Seja como for, seria inteligente da minha parte começar a pensar em fazer dinheiro com as minhas (frequentemente) acertadas previsões.
15.10.07
7.10.07
The Return to Innocence
"Don´t care what people say Just follow your own way Don't give up and use the chance To return to innocence." Adoro a música e o clip e o unicórnio. :)
Fim-de-semana
As minhas queridas mãe e irmã vieram passar o fim-de-semana a Madrid. Decidimos utilizar os dias todos para turismo, já que da última vez entre o Parque de Atracções e a Fuencarral não houve tempo para mais (nota-se a influência consumista da minha irmã).
Ora desta vez não. Deste vez foi turimo à séria. Mas tenho de confessar que foi extremamente divertido porque como se tem dito “os portugueses estão a descobrir Espanha” e por isso tugas eram mais que as mães.
Foi lindo. Havia alguma gente normal, mas a quantidade de famílias pipocas do mais foleiro e pindérico que existe sobejavan. Aproveitavam para dizer coisas ridículas em altos berros, como se estivessem na Rússia e fosse totalmente imposssível compreendê-los. Muitos eram mesmo bimbos. E balofos. A minha mãe, que me estava a tentar provar que em Madrid há tanta gente obesa como em Lisboa, estava constantemente a apontar “estás a ver, aquela é gorda” mas para aí 70% das vezes comprovamos que se tratava de uma tuga. Nunca pensei ouvir tanto a língua de Camões nesta cidade, mas a verdade é que dominámos por completo o fim de semana.
Foi giro. Foi Verão este fim de semana. Mas preparem-se, irmãos alfacinhas, na próxima sexta-feira, dia 12 de Outubro, é feriado em Madrid... já estão a imaginar ou não? Pois é, cá se fazem, aí se pagarão!
3.10.07
Como continuar a falar e compreender inglês mesmo vivendo em Espanha
Como em tantas coisas da nossa vida (como dietas, por exemplo), a disciplina é a chave da sucesso. Assim, há que seguir estas regras à risca, porque senão, quando menos esperarem, serão gozados sem dó nem piedade por todos os vossos amigos não-espanhóis.
1. - Meia hora de CNN todos os dias (embora eles tenham a irritante mania de misturar entrevistas ao Tom Ford com crianças a morrerem em orfanatos na Roménia e coisas assim do estilo).
2. - Ser assinante de uma revista em inglês, dá igual se é o Economist ou a Esquire, o importante é ler em inglês.
3. - Se ainda sobrar tempo, ler livros em inglês (os do Dan Brown não contam).
4. - Activar a versão original do todos os filmes e séries da TDT. (E no cinema também).
5. - Trazer sempre uns phones à mão e quando eles começarem a falar espanglês, por os phones com música em altos berros.
6. - Na inevitabilidade de terem de utilizar uma expressão em inglês ao falarem com um espanhol, façam-se de parvos quando ele começar com merdas "que estás diciendo, coño?". NUNCA cedam à tentação de dizer a palavra como se leria se fosse em espanhol. A partir daí, não há retorno possível. São eles que têm de aprender.
PS - Na dobragem em espanhol do filme "Terminator", em vez de "Hasta la vista!", o excelentíssimo governador da Califórnia diz "Sayonnara". Muito bom.
1.10.07
Go Go Hillary!
Aqui há uns anos, no meu primeiro artigo de opinião na revista Aetécnico (que ainda pode ser visto aqui), citei Nancy Mitford nessa sua verdade irrefutável: "Um rei que gosta do prazer é, sem dúvida, menos perigoso que um rei que deseja a glória."
Há uns anos atrás nem Bush aparentava ser tão asqueroso e idiota, nem a mim me passava pela cabeça que um país pudesse ter a grande lata de fazer powepoints e chamar àquilo "provas" de como Saddam tinha armamento químico aos pontapés lá no Iraque. E portanto, também eu, num determinado momento, opinei que a paz às vezes não resolve tudo e que não se pode deixar um ditador louco com aquele arsenal nas mãos e não fazer nada em relação a isso. A verdade é que Bush é óbvia e clara e estupidamente louco, tem a maior máquina de guerra do mundo e ninguém faz nada, a começar pelo povo americano e a terminar na sede das Nações Unidas. Às vezes dou comigo a pensar que, se fosse iraniana ou iraquiana ou qualquer nacionalidade desse estilo, a única opinião que me permitiria ter do ocidente é que somos todos uns copinhos de leite amestrados. É assim este mundo, contraditório até mais não.
Mas bom, isto para dizer que em 2002 já eu morria de saudades do Clinton, do seu ar bonacheirão e dos seus esforços pela paz, etc., etc., etc.. Antes disso já achava ridículo aquele espectáculo mediático em torno do seu affair Lewinsky, afinal, who cares? além dos obstinados americanos, até parece que lá nessa grandiosa nação os homens não encornam as mulheres a torto e a direito, como aliás no mundo inteiro.
Já passou quase uma década e eu confesso que tenho vibrado com este mais que previsto regresso da família Clinton à Casa Branca. É bom demais para ser verdade mas a coisa está a compôr-se, e eu só desejo que sim, que chegue depressa esse dia. Um dia que espero que fique na história como esse grande marco da “primeira mulher” presidente dos Estados Unidos da América, mas sobretudo por um retorno à paz, paz, um bocadinho de paz, que assim nada feito, que já temos demasiados problemas neste nosso planeta para ainda inventarmos mais alguns.
A minha esperança renova-se a cada semana, quando abro as páginas do meu Economist recém entregue e leio coisas deste estilo: “But Mrs. Clinton looks much more like a president-in-the-making than any of her opponents, Republican or Democratic.” Sim, sem dúvida. E o que o Economist diz, tem muita força...
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