15.11.07

Que te calles, coño!

Por estes dias, a expressão recorrente lá no emprego é, como não?, a já famosa frase "Porque no te callas?", eternizada por esse grande fofinho Sua Majestade El Rey Juan Carlos de España. A coisa teria mais piada se o baixote popularucho de serviço não fosse tão louco, e se fosse certo que do histórico incidente não decorressem consequências de maior, mas ao que parece e como seria de esperar a coisa não vai ficar por aqui.

O que me pasma é a diferença abismal entre o povo e os seus líderes. Tenho vários colegas de trabalho venezuelanos, alguns até são descendentes de emigrantes portugueses de 2ª e 3ª geração. Entre eles e elas, nem um mas. São espectaculares, amáveis, divertidos. Note-se que alguns nem sequer podem voltar à Venezuela, já que seriam imediatamente presos, ao abrigo de uma decisão do tribunal que decidiu considerar-los culpados de "prejudicar" a nação, por terem decidido fazer uma greve numa refinaria. Isto vem do mesmo estado governado pelo tal baixote que enche a boca para falar de democracia. O desprezo destes meus colegas pelo que é, para todos os efeitos, o seu presidente, veste-se de alegria e ironia, e são eles os mais contentes por, finalmente, alguém ter decidido tratar aquele senhor como ele merece, ou seja, como uma criança que bate nos colegas sem razão e chora por tudo e por nada.

Chávez e a sua pandilha são incorrigíveis e a culpa é nossa, que sempre ficamos calados para manter a compostura. Uma vez assisti a uma conferência em que participou um big boss da PDVSA (a companhia petrolífera estatal da Venezuela), no que só pode ser descrito como uma clara tentativa de amaciar alguns egos muito inchados. Aquilo foi um fartote. De um lado, aquele grandessíssimo descarado que não dizia mais que "o petróleo da Venezuela é do povo da Venezuela" enquanto atirava ofensas a torto e a direito para todo e qualquer governo ocidental dito "liberal" (o que a eles lhes soa a "fascista"). Do outro, a professora coordenadora a pedir-me que me controlasse e ficasse calada, não fosse provocar algum potencial corte de relações entre a PDVSA e a Repsol. Quer dizer, o homem só dizia barbaridades e eu é que tive que ficar calada. O problema de Chávez &Co. é precisamente esse. Estão habituados a dizer o que lhes apetece e ninguém lhes faz frente. E o povo é que paga. Não que eu defenda a Chevron, a Exxon Mobil ou qualquer uma das irmãs, mas irrita-me que estes tipos, que são na sua grande maioria uns corruptos que vivem descaradamente bem enquanto o resto da população definha, estejam sempre com o argumento do bem estar do povo, enquanto desviam mais algum para o seu próprio bolso.

No final, comunas ou fascistas, são todos iguais. É por isso que eu gostei daquele "Porque no te callas!" do rei. Em português também teria ficado bem: "Tá mazé calado, pah!". Devíamos todos fazer um movimento global no qual, em vez de um minuto de silêncio, as pessoas repetiriam para todos os Chavéz deste nosso mundo, em uníssono, as mesmíssmas palavras, em todos os idiomas conhecidos. Aposto, o povo da Venezuela agradeceria.

3 comentários:

Anónimo disse...

La traducción correcta sería "Está calado"

Unknown disse...

Sim, mas "Tá mazé calado" dá um toque muito lusitano à coisa, especialmente se seguido de um pah, que nos dias que correm, lá no meu Portugal, é indispensável a qualquer estadista que se preze.

Anónimo disse...

Tá mazé calado.......A moda nortenha do Porto ?