29.10.08

Algures na semana passada

Uma espanhola um pouco pindérica mas de aspecto simpático, na recepção do hotel: - “Time close pizza hut?” (Muito mal pronunciado como só um hermano, eu é que já tenho o spanglish nas entranhas e percebo tudo.) Responde a da recepção (que fala inglês, francês e com sorte dutch, mas é pouco simpática e algo seca): - “I’m sorry?” (De boca aberta e extravasando desdém…) A espanhola repete três vezes as palavras close, pizza hut e time, sem sombra de ordem lógica, verbos, construção frásica ou cadência interrogativa. Claro que neste ponto já estamos todos a bufar. Quando estou quase a intervir, qual salvadora de uma hermana em apuros, ela dá-se conta da figura que está a fazer, dos alemães trocistas a rirem baixinho, do empregado oriental de boca aberta e, como boa espanhola que é, não fica envergonhada, não, qual quê, fica ofendida, é o que é, e larga um agressivo “hablo español”! Ora portanto. Pois. Isso de falar espanhol é muito fixe, mas é que estás em Bruxelas, darling, e ao contrário do que provavelmente julgas, o espanhol NÃO é uma das duas línguas oficias que se falam na “capital” da UE. É que na Bélgica, dos espanhóis, não ficou grande herança, tal foram as boas memórias deixadas... A da recepção, que também se devia estar a fazer de songa monga, ilumina-se (deve-lhe ter cheirado a livro de reclamações) e de repente já percebe tudo. Entendem-se as duas e lá vai o casal de espanholitos todos contentes à pizza hut (não há povo mais pelintra que o espanhol, for God's sake). Conclusões: - Não há subsídios para cursos de inglês que valham: o espanhol (principalmente o de castilha) tem um defeito genético na língua e não há nada que se poda fazer contra séculos de selecção natural. - Os centro europeus continuam uns filhos da puta, com a sua atitude condescendente face ao sul da europa, com o seu tom de voz comedido e a sua boa educação, que lhes permitem esconder aos olhos da maioria a desconsideração que sentem pelos estrangeiros em geral. - No fim de contas, a maioria até merece rumar ao sul e que ninguém mexa um dedo para falar inglês. Os espanhóis têm o valor de ser arrogantes “apesar” de serem mediterrânicos. Nós tugas somos muito simpáticos e subservientes, mas isso serve-nos exactamente de quê? - Os ingleses têm uma sorte dos diabos, pois ainda são piores que os espanhóis no que a idiomas diz respeito, mas... toda a gente fala a sua língua. C’est la vie (e não, não é justa).

5 comentários:

Laetitia disse...

Deixa lá que eu já passei tristes filmes em Espanha!
Bruxelas? Nunca lá fui! Gostava de ir a Dante.

Beijinhos

R. disse...

Em tempos tive um colega Chinoca (o Carlos), que veio de Macau para Lisboa fazer o meu curso.

O tipo falava mal Português, Inglês, Mandarim e tudo o resto em que se metia.

Desde então que me batalho com o seguinte dilema: é melhor saber falar (mal) muitas línguas, ou saber falar bem uma língua? (e dado ao estado dos nossos demais concidadãos, falar bem uma língua também inclui a portuguesa)

Unknown disse...

Pepper,
Bruxelas não é propriamente grande espiga, mas Gent, Bruges, Antuérpia sim :) vale mesmo a pena!

Ricardo,
no teu caso, acho que é melhor que não saias falar outras línguas pois ficar logo a falar melhor que eu e depois sinto-me inferiorizada! ;)

Anónimo disse...

quote:"espanhol (principalmente o de castilha) tem um defeito genético na língua e não há nada que se poda fazer contra séculos de selecção natural."
Es algún tipo de indirecta?
Te recuerdo que estábamos en la misma clase de inglés...

Unknown disse...

No es ninguna indirecta, es muy directa! :) De todas formas, aunque estuviesemos en la misma clase de inglés mi acento es mucho más fácil de comprender :p!