9.11.09

1989

1989 foi um dos melhores anos da minha vida. 1989 foi o ano em que nasceu a minha irmã e eu me converti na "irmã mais velha", algo que me encheu de orgulho e responsabilidade. Quando a vi pela primeira vez, através do vidro, achei-a um bocado vermelha e enrugada. Mas depressa se converteu num bebé bonito, depois numa criança bonita, depois numa jovem bonita, e, agora, aos 20 anos, é uma jovem mulher bonita, bonita, bonita, desejada e disputada, e ainda assim humilde, simpática, generosa. A minha mana. Lembro-me perfeitamente do Natal de 1989, porque me lembro dela, pequenina e deslumbrada com as luzes da árvore de Natal. Tenho esta imagem muito clara, e outra também: na televisão dava um resumo dos acontecimentos principais desse ano. Havia pessoas a partirem um muro, e a minha mãe explicou-me que por causa daquele muro muitas famílias tinham vivido separadas muito tempo. Imaginei a minha irmã do outro lado do muro e deu-me um aperto no estômago. Fui abrir prendas (nesse ano também descobri que não havia Pai Natal) para esquecer aquele pensamento tão incómodo. Hoje, 20 anos depois da queda do muro, lembrei-me de tudo isto. Li no El País um artigo de justificava porquê 1989 foi o ano de ouro da história da Europa, e que nenhum outro ano desde 1945 foi tão importante como 1989. Que foi um ano de crescimento, de mudanças de paradigma, de novos projectos, de projectos ambiciosos e originais, desprendidos de nacionalismos mesquinhos. Também para mim 1989 foi um ano cheio de boas mudanças. Hoje celebro a queda desse muro que felizmente nunca vivi, mas que tão intimamente marcou esses dias da minha vida.

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