A cena da primeira vez ser muito especial é só uma das muitas treta que a sociedade nos vende, quando ainda somos pré-adolescentes. A primeira vez realmente nunca se esquece, mas mais ou menos da mesma forma que nunca se esquece a primeira bebedeira. Ou a primeira gastroenterite a meio das férias. É um acontecimento que, regra geral, ocorre em moldes bastante desajeitados, ausentes de misticismo ou prazer sexual. Tal como a primeira bebedeira ou gastroenterite. Eventualmente, é giro e até pode ser rebelde, como foi a minha, divertida e memorável até. Mas é só isso, não é mais, não há drama, não há the special one, nem aquilo nos vai marcar como pessoas mais que qualquer outra coisa.
Outras muitas tretas nos são injectadas em doses cavalares quando temos 15 anos pelos diversos mecanismos à disposição da sociedade, como filmes, revistas, novelas, jornais. Só para enumerar algumas: ter uma carreira vai-nos encher de alegria e felicidade e é a coisa mais importante de qualquer fêmea que se preze (excluem-se as fêmeas floreiro) nascida depois da revolução; é possivel andar de saltos agulha e fato executivo todos os dias da nossa vida, e ser-se feliz com os pés todos rebentados; todos os dias vamos chegar a casa do trabalho e, extenuadas mas felizes, teremos imensa vontade de fazer amor (por oposição a dormir); os nossos colegas homens (e mulheres) vão reconhecer a nossa capacidade profissional por encima do nosso decote, sem que para isso tenhamos que rodar a baiana e ser carimbadas de cabras (e eventalemente também frígidas ou taradas, uma das duas de certeza); em cima disto tudo, vamos desejar ter uma dúzia de filhos sem querer também abdicar da carreira, que é tão importante e de novo, nos dá tanto. Ou vice-versa.
Balelas. Ai tantas, tantas. Nada. Só é preciso dinheiro. Quem tem dinheiro, não precisa de carreira (embora, eventualmente, até possa precisar de filhos). Quem tem dinheiro, não tem de pensar nele e pode dedicar a vida a ser infeliz por outros motivos.
9 comentários:
Em compensação, com este aqui comcordo totalmente.
E nisto tudo, a solução para a felicidade eterna: ignorar balelas e seguir.
Tive aqui montes de tempo a pensar se tinha percebido bem o teu post, especialmente o ultimo paragrafo.
Correndo o risco de parecer naif, acho que só é preciso amor. Amor no sentido mais amplo possível, aquele que inclui a fidelidade, a fertilidade, a liberdade e a duração.
Se o amor for vivido assim, não é preciso dinheiro.
A+
Victor
Luna
pois, tens a mesma idade que eu, comemos literalmente da mesma merda pró super mulher dos anos 90.
Prezado
aos 30 não só ignoro balelas, como faço-les manguitos. Aos 15, obviamente, eram as balelas que me faziam manguitos a mim.
Victor,
o amor não tem nada a ver com este post, depois até sou capaz de explicar-te porquê num post dedicado ao efeito. Posto isto, espero que possas criar os teus futuros filhos sem limitações financeiras. Mas gosto de ver que te tornaste menos materialista. Há dez anos, o amor dos teus pais não foi suficiente enquanto não te ofereceram um portatil igual ao do teu irmão, lembras-te?
O teu materialismo sempre me fez mossa, agora que te vejo em modo Zen acho fofinho.
This is so me.
Mas tu já sabes que tentar fazer tudo ao mesmo tempo dá burnouts :).
Long, long story.
Mas já estou no activo again! Estratégia pudim danone: não pára, não pára!:P
Está bem visto sim senhor. Eu diria mais, mas acho até que vou fazer um posto sobre isso um dia destes
Avisa lá quando estiver essa posta online :).
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