Vou passar a andar com este texto no bolso para oferecer aos meus amigos, todos aqueles (cada vez mais) que gentilmente me recebem em suas casas para depois educadamente me expulsarem para a varanda, ao frio e à chuva se for caso disso, evitando assim que contamine o ambiente oxigénio-activo das seus preciosos salões. Ou talvez não valha a pena, são discussões perdidas... não creio que, cegos pela moral proibicionista dos nossos tempos, o possam compreender.
Soy una ex fumadora tranquila. Si alguien me pregunta si me molesta que fume delante de mí, o en el salón de mi casa, le respondo que no, y espero de su buen sentido que no me atufe insistentemente la vivienda ni el ropero, que comprenda que no finjo la tos que me entra en seguida e imagine que me pasaré la noche tosiendo. No añoro el cigarrillo, de modo que ver fumar no me tienta. Pero respeto el derecho de cada cual a su espacio -odio la palabra “cubículo”-, a hacer lo que quiera mientras no perjudique a los no fumadores.
Legislar eso está bien: pero no más. Me parece razonable no ser fanático: “¡En mi casa no se fuma!”. Pues no. En mi casa no se asesina ni se roba ni se tortura ni se pega ni se calumnia y, a ser posible, no se miente. Si alguien quiere fumar, fuma. Sin prender un pito con la colilla del otro, claro.
¿Llegará un día en que tendré que ir a declarar a comisaría porque en mi comedor han hallado refugio algunos indeseables que pretendían prolongar el placer de la comida y la compañía encendiendo un cigarrillo? Llegará un día, me temo.
No son apestados. Y no son equivocados con derecho a redención. No estoy en contra de las leyes que prohíben con eficacia la pena de muerte, por ejemplo, pero sí me opongo a la oleada de buenapensancia que nos cubre hasta por encima del cuello. Un bien pensar que no se extiende, por ejemplo, a prohibirle a Díaz Ferrán que contamine con su ejemplo a los empresarios.
Habría que intentar convivir. Pues si lo hacemos con las fábricas de tabaco y los bufetes de abogados que las apoyan, y con los vendedores de cajetillas, y con los beneficiados por los impuestos que generan los fumadores, no sé por qué no tenemos que ser amables con sus víctimas, los fumadores mismos.
Por Maruja Torres
5 comentários:
Não sou obrigado a respirar o fumo dos outros. Na rua, em espaços fechados e muito menos em minha casa. Se conseguirem limitar o fumo ao seu próprio espaço sem invadir o meu, não tenho problemas com isso. Matem-se à vontade. Não admito efectivamente que me incomodem com o fumo dos outros da mesma forma que também não incomodo os outros. No meu carro, ninguém fuma. Em minha casa, ninguém fuma, nem à janela, nem na varanda, nem em lado nenhum. O espaço é meu, quem se se sentir bem vindo nessas condições que venha, quem não se sentir, que procure outro lado. Azarito.
Eu não sou obrigado a aturar a estupidez dos outros, seja onde for. Mais do que não admitir, não tolero qualquer forma de burrice crónica ou insuficiência cerebral. O que cada um faz com o seu espaço pessoal, é de sua conta. Por isso, se escolhem não fumar (ou fumar), dá-me exactamente igual e, francamente, é-me totalmente indiferente. Mas quando vejo esse global evangelismo gratuito anti-tabagista, como se de profetas do grande dogma da saúde e bons costumes se tratassem, confesso que toda a minha matriz tolerante se desfaz em fumo (para os menos bafejados pela inteligência, esta alegoria foi propositada). Há milhares de coisas que outras pessoas fazem que, a cru, poderiam provocar semelhante reacção da minha parte. Mas como vivo em sociedade, sou um menino crescido, e tolero (diz, até, que dá mau Karma...). Há milhares de argumentos que poderia apresentar. Mas sinto que estaria ou a tentar explicar matemática a um tijolo ou a defender teoria evolucionista perante o Papa. É nisto que dá o extremismo e fundamentalismo: um espesso véu da mais profunda ignorância, que em todo se assemelha a uma lobotomia. Fico-me, apenas, por um argumento mais simplista que julgo que será mais perceptível ao autor do comentário anterior e mais na sua linha de raciocínio: estás mal? Muda-te! Ou melhor, fecha-te no teu espaço, ad eternum ou ad nauseum... possivelmente mais este último, porque deve ser essa a mais provável consequência de viveres sozinho com uma pessoa tão profunda e estupidamente intolerante como tu.
E “Azarito” é uma forma muito farsolas de terminar um comentário que espuma raiva e ódio. Quebra um bocado o ritmo da coisa…
Ao RP, o pseudo-intelectualismo com que tenta defender a sua causa, apelidando os outros de burros crónicos e outros mais, acaba por esbarrar no primeiro argumento que apresenta: "O que cada um faz com o seu espaço pessoal, é de sua conta." Uma vez que eu próprio disse: "Se conseguirem limitar o fumo ao seu próprio espaço sem invadir o meu, não tenho problemas com isso." Até porque todo o meu comentário prima precisamente pela individualidade e pela reserva dos meus espaços. O "azarito" revela a minha forma descontraída de estar na net. Tão somente. Sem estar sujeito a análises pseudo-intelectuais por parte de quem nada me diz nem tão pouco me conhece para poder sustentar minimamente a sua afirmação.
Adoro sobretudo a forma como aposta na ignorância e no desconhecimento do que ou de quem estará do outro lado para tentar classificar e superiorizar-se de forma ridícula e totalmente despropositada ao enveredar pelo caminho da ofensa pessoal.
A utilização de um vocabulário supostamente inalcançável acusando tiques de soberba e presunção como se os conceitos e ideias apresentadas lhe fossem únicos e apenas por si compreensíveis, acaba também por esbarrar num princípio por si só redutor e extremamente incoerente de que somente os fumadores compreendem a liberdade ou terão a pseudo-inteligência necessária para compreender os argumentos que na realidade não apresentou.
A única coisa que conseguiu efectivamente provar é que será um pseudo-intelectual com a mania da perseguição e sem capacidade para aceitar que há efectivamente quem não goste do acto de fumar e que se sinta incomodado com o mesmo.
A suposta ostracização a que são votados os fumadores, sobretudo nos países desenvolvidos, será efectivamente uma prova que os malefícios do tabaco não deverão ser sofridos por aqueles que optaram por não seguir esse caminho. Tão simples quanto isso.
Pena que o radicalismo, a limitação, o azedume e a verdadeira raiva que lhe caracterizam o comentário, lhe tenham tolhado a inteligência e a visão para compreender esse facto.
*bocejo*... bom, confesso que por três vezes tentei ler a sua resposta e por três vezes me distraí com outra coisa qualquer (e garanto que em altura alguma se deveu à película juvenil que abordava a dura e intensa realidade das cheearleaders do secundário americano, que passou na TVI). No entanto – pensei eu para com os meus botões – pessoa que se empenha em gastar tantas e boas palavras da internet merece, no mínimo, um sinal da minha parte. Enchi-me de brio e fui tomar café. Níveis de cafeína restabelecidos, e enquanto pauso para um cigarro, cá vai:
No meio de tão rico “blá-blá-blá” argumentativo, que me parece mais sustentado na minha forma do que propriamente no meu argumento, a parte "whiskas saquetas" que me prendeu a atenção foi a recorrente acusação do meu "pseudo-intelectualismo"! Tendo em consideração a minha estimada matriz burguesa e social democrata, confesso que não esperava tão surpreendente acusação. Julgo que sobre-analisa o que escrevi e forçosamente tenta ver demasiada profundidade numa ou outra sequência de palavras que, circunstancialmente, assim se ficaram. Assumindo que será um erro (meu) de forma, prometo que eventuais e futuras intervenções da minha parte obedecerão rigorosamente ao princípio KISS, evitando este tipo de seguimento desviante e – por minha interpretação – vazio de razão. Espero, com isso, afastar esse fantasma que insistiu recorrentemente em pôr a flutuar sobre minha cabeça.
Gostaria também de esclarecer que não pretendia que fosse um registo de ofensa pessoal directa. Nem de ofensa generalizada ou indirecta, se isso lhe interessa. Foi apenas o explanar de um sentimento (meu) que aplico a um conjunto que se perfila por um género (que julgo, sob pena de errar, ser o seu). E garanto-lhe que está bem distante desses "radicalismo, a limitação, o azedume e a verdadeira raiva" que julga identificar. Se bem que em tão bem conseguida cadência de erros de interpretação, fiquei à espera de acusações do mesmo nível e teor, como "cuspir na sopa" ou "bater na avó".
Por fim, reconheço que escrevi agora muito mais do que pretendia. Temo acabar por lhe causar o mesmo tédio de que padeço. Perdoe-me também se a minha resposta não chega ao nível da sua (por mim reconhecida e saudada) eloquência, mas tenho que me ir preparar mentalmente para o jogo do Benfica de mais logo. Despeço-me, ao sabor de um em nada amargo cigarro, com os votos de um resto de um bom fim-de-semana, este seu estimado.
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