Pois é, passei dez meses a agonizar em Sines, mas como sou um coração mole, na hora do adeus, levo mais boas recordações do que pensava à partida ser possível.
E o mais engraçado é que depois de ter passado todo este tempo a refilar, vou ter imensas saudades do mar! Se dúvidas houvessem, é a prova provada de que sou portuguesa, aliás, desconfio até que haja uma forte possibilidade de, noutra vida, ter sido o Vasco da Gama.
Viver ao pé do mar é um filme totalmente distinto daquele que sempre idealizamos (normalmente cheio de romantismos e lamechices). A verdade é que, de um ponto de vista prático, viver ao pé do mar é uma bodega. Em todos os cantos da casa, nas paredes, no fundo das gavetas, em todas as bolsas e tops e saias e sapatos, em todas as partes descobre-se, entranhado até à medula, esse terrível inquilino (que ainda para mais não paga renda!): o BOLOR!
E qual desumidificador, qual quê. Com os litros de água que eu saquei do ar da minha casa nos últimos meses podia-se combater a seca no interior do Alentejo durante os próximos cinco verões, no mínimo. Aliás, acaba de me surgir uma ideia com um potencial interessantíssimo: instalar um sistema de desumidificação atmosférica ao longo de toda a costa alentejana e vicentina, canalizar a aguinha directamente para o interior e voilá, aí estavam todos os sistemas de rega que ainda não existem, apesar do Alqueva. Que pena, já não serei eu a implementar tão genial projecto.
Mas sim, a bem da verdade há que admiti-lo, ver o mar todos os dias é um privilégio sem igual. Apesar da humidade e do vento (há que aprender a viver-se despenteada), eu sei que vou ter muitas, mas mesmo muitas saudades desta vista incrível da minha janela. Mas é vida e já se sabe, não se pode ter tudo, e seguramente não se pode ter o melhor de dois mundos.
4 comentários:
Como qualquer sítio que se viva intensamente (mesmo que se odeie), deixa sempre memórias. E o mar, independentemente de ser em Sines, tem um ascendente muito forte sobre quem o vive, mesmo que só se apercebam disso depois de não o ter.
Melhores dias virão. ;)
Concordo plenamente, mas se alguma vez voltar a viver ao pé do mar vou tentar assegurar-me que a construção é boa. Coisa assim mais ou menos a dar para o impossível, em Portugal. Ou seja, melhor construir de raiz. Talvez dentro de muuuuuuuuuuitos anos, quando tiver dinheiro (e ainda saúde) e algum tempo para o fazer. :)
Como eu entendo o que é viver junto ao mar, e algo muito sentido, mas nem sempre se pode ter tudo bom.
Como eu entendo o que é viver junto ao mar, e algo muito sentido, mas nem sempre se pode ter tudo bom.
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