(Publicado originalmente no outro blog onde escrevo.)
José Saramago é uma figura ibérica por excelência. Nasceu em Portugal (Azinhaga, Golegã, 16 de Novembro de 1922) e faleceu hoje, aos 87 anos, em Lanzarote, onde vivia há desde o início dos anos noventa com esposa Pilar del Río.
Muito ainda se dirá ainda sobre este escritor, roteirista, jornalista, dramaturgo e poeta português, cujas origens humildes não impediram que se tornasse num dos maiores escritores portugueses de todos os tempos, tendo sido galardoado com o Nobel de Literatura de 1998, entre muitos outros. Saramago foi o principal responsável pelo efectivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa. Conhecido pelo seu ateísmo e iberismo, foi também membro do Partido Comunista Português e director do Diário de Notícias.
Para a história ficam, entre muitos outros, "O Memorial do Convento", "O Evangelho segundo Jesus Cristo", e mais recentemente os seus "Ensaios", dos quais o "Ensaio sobre a Cegueira" acabou por popularizar-se ainda mais ao ser adaptado para cinema.
Saramago deixa-nos, e goste-se ou não da figura, ou do seu estilo de escrita, fica a certeza que a literatura portuguesa é a partir de hoje bastante mais pobre.
Agora o que sinto: estou triste, estou. Lá a cena dele ser comunista é o de menos, eu amo os livros dele e é tão bom ler em português de verdade, sem tradução pelo meio. Nunca me fez confusão o estilo, ao fim de umas páginas uma pessoa já percebeu a lógica, e isso que eu tinha 12 anos quando li o Evangelho. Portanto, não percebo mesmo quando me dizem que não conseguem ler Saramago por causa da forma de escrever. Tipo, ok, é mais fácil ver televisão (o problema é mesmo esse, demasiada televisão).
Conheço perfeitamente a Azinhaga visto que os meus avós dão da Golegã. Vendo como aquilo é hoje, e sabendo pelos meus avós como era em 1922, parece-me ainda mais incrivel que o puto José se tenha podido converter no grande Saramago. Há pessoas realmente especiais.
Depois, o Saramago é um iberista convicto. Isso torna-o ainda mais único. Não é nada fácil ser-se iberista.
Ai Saramago, já sinto a falta dos livros que não mais escreverás.
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