Quando nos conhecemos, perguntei-lhe se estávamos as duas a concorrer para a mesma vaga. Mais tarde ela disse-me que tinha achado aquilo excessivamente competitivo, e acabámos as duas a rir porque na verdade eu tinha-me sentido desconfortável com a possibilidade de ter de sacar as garras. Não me apetecia competir com ela. Se eram realmente duas as vagas nunca teremos a certeza, mas a verdade é que eles ficaram com as duas. Depois disso fomos viver juntas, mais por imperativos financeiros que por qualquer outro motivo, e a coisa correu notavelmente bem, porque ficámos (e continuamos) amigalhaças do coração.
Um dia descobrimos que tinhamos os mesmos planos de carreira: estar uns anos numa área técnica, transitar para a gestão, talvez através do markting, talvez através das vendas, a dada altura fazer um MBA para adquirir conhecimentos e competências em áreas nas quais tivemos pouca formação universitária. Depois, enfim, depois logo se via, entre conquistar o mundo em geral, sermos felizes e lutarmos por ser profissionais reconhecidas numa área que continua a ser muito machista, o resto viria por acréscimo. A verdade é que respondemos de forma igual à pergunta "onde é que você se vê daqui a dez anos?". Os tipos tinham bem definido o perfil que procuravam, concluímos. Aparentemente, era mesmo o nosso.
Depois, tudo foi diferente. Somos tão parecidas numas coisas como absolutamente opostas noutras, e sendo assim, o mais natural era que os nossos caminhos divergissem nalgum ponto. Eu mudei de área técnica e de empresa, depois mudei outra vez de empresa e dessa vez para vendas e marketing. Ela não mudou de empresa, nem mudou de área técnica, e agora, não tendo mudado (novamente) de empresa, subiu para marketing e vendas. Neste momento temos funções, salários e regalias muito parecidas. Desafios também, sobretudo muitos, sobretudo difícéis. Mas aí está a graça.
Como eu costumo dizer, onde há crise há oportunidades, e mesmo que possa parecer que não, houve coisas que só foram como foram porque esta crise aconteceu. Mesmo as aparentemente más. Mas também a bem da verdade se diga, há coisas que são o que são porque foram enfrentadas sem medo, mesmo que às vezes com lágrimas, e tendo-os*** sempre bem colocados, para o que desse e viesse.
Minha querida, YOU ROCK. Bem-hajas e até já (we'll meet again on the way)!
(***cojones, por supuesto!)
4 comentários:
Deixaste-me assim com "piel de galina"... Poucas coisas aprecio mais do que um texto bem escrito, que me é dirigido. Obrigada!
Tão diferentes e tão iguais.
"Ya saberás donde vamos a estar las dos en un par de años."
Primeiro a Peninsula Ibérica. Depois o mundo.
Um beijão enorme.
Duas grandes mulheres é o que vocês são: corajosas, competentes, transparentes, tudo temperado com um grande coração.
Beijinhos desta vossa fã :P
Rita,
o mundo o mundo, e quiça até depois talvez o parlamento europeu! :p
Clara,
e tu, não és uma grande mulher??? Já conheces mais caminhos que eu e só estás cá em Madrid há dois dias? :D Mas obrigada pelas palavras, fico feliz por saber que me reconheces como sou - apesar do mau feitio.
Beijinhos
Um GPS faz milagres...
E não é mau feitio, é personalidade! hehe
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