Mas também.
Muitos dos senhores deste meu mundo do óleo de pedra têm um incontrolável instinto de nos verem como filhas ou pior, como secretárias, ou pior, tendem a confundir-nos com a "menina-do-café" ou com a senhora que vai fazer limpeza ao fim da tarde (todas coisas muito respeitáveis mas que não é o que eu sou). Esperam que não tenhamos ambições iguais às suas, ou acham que termos ambições iguais às suas não são assim tão legitimas porque afinal, depois, eventualmente, todas vamos ter filhos (crime hediondo).
O estilo "não-admito-um-não-como-resposta" é ainda, infelizmente, muito mais efectivo que a demonstração continuada de um trabalho de qualidade, consistente e bem desempenhado. Assim, este estilo que não deixa lugar a dúvidas, que lhes mostra que podemos nós ser tão cabras como eles cabrões, ainda é imprescindível em muitas ocasiões. Por mais que se fale de aceitar que as mulheres têm um estilo de liderança diferente e como isso é bom e bla bla bla, para homens que só trabalharam com homens a vida toda, ultra-conservadores e todos com esposas em casa a parir ninhadas de seis, ainda tem de ser assim.
É mais ou menos aquela cena do não basta ser, também parecer. Não parecer um homem, mas ainda assim aparentar que os temos no sítio, bem colocados e prontos para responder a qualquer desafio. Mesmo que, em boa verdade, detestemos esses idiotas confrontos de testosterona. Assim é (e creio não falar apenas por mim).