12.3.10

Não apenas uma questão de estilo

Mas também.

Muitos dos senhores deste meu mundo do óleo de pedra têm um incontrolável instinto de nos verem como filhas ou pior, como secretárias, ou pior, tendem a confundir-nos com a "menina-do-café" ou com a senhora que vai fazer limpeza ao fim da tarde (todas coisas muito respeitáveis mas que não é o que eu sou). Esperam que não tenhamos ambições iguais às suas, ou acham que termos ambições iguais às suas não são assim tão legitimas porque afinal, depois, eventualmente, todas vamos ter filhos (crime hediondo).

O estilo "não-admito-um-não-como-resposta" é ainda, infelizmente, muito mais efectivo que a demonstração continuada de um trabalho de qualidade, consistente e bem desempenhado. Assim, este estilo que não deixa lugar a dúvidas, que lhes mostra que podemos nós ser tão cabras como eles cabrões, ainda é imprescindível em muitas ocasiões. Por mais que se fale de aceitar que as mulheres têm um estilo de liderança diferente e como isso é bom e bla bla bla, para homens que só trabalharam com homens a vida toda, ultra-conservadores e todos com esposas em casa a parir ninhadas de seis, ainda tem de ser assim.
 
É mais ou menos aquela cena do não basta ser, também parecer. Não parecer um homem, mas ainda assim aparentar que os temos no sítio, bem colocados e prontos para responder a qualquer desafio. Mesmo que, em boa verdade, detestemos esses idiotas confrontos de testosterona. Assim é (e creio não falar apenas por mim).

4 comentários:

Tito disse...

"podemos nós ser tão cabras como eles cabrões" - ou seja: mais do mesmo.

Este teu discurso não é feminista, Maggie, é machista. Admira-me não veres isso.

Unknown disse...

Tito, eu vejo isso e como te respondi no post anterior, depois de já ter tentado vários tipos de posturas, concluí que com alguns tipos, sobretudo com os mais velhos, a única maneira de me fazer valer é jogar o jogo deles e esperar que se reformem. E em relação a esses é assim que faço, o que não vou deixar é que façam de mim gato sapato, bolas.

Lovely Rita disse...

Amiga,

Subscrevo TOTALMENTE o que dizes. Frequentemente sou vista, em reuniões a que vou, como a pita que vem aprender qualquer coisa. Mas bastam 10 minutos para que a "pita que vem aprender qualquer coisa" seja o alvo de todas as atenções, porque afinal é essa mesma pita que até percebe de eficiências isentrópicas, preços de compra da energia, entalpias de vapor e pressupostos de cálculo. Sem dúvida que "quebrar" os pressupostos iniciais com um estilo
NAUNCR ajuda. Mas olha: no final vai tudo dar ao mesmo. Somos competentes e pronto.
Tito, vai dar uma curva. A Margarida não está a ser feminista nem machista. A Margarida está a ser realista.
Quem as passa na pele é que sabe.
Cumprimentos e já agora, beijinhos aos dois.
Vossa sempre,
Rita

Barras disse...

Tito, permite-me discordar, mas na minha humilde opinião (de macho), mas é dificil não compreender aquilo que a Maggie e a Rita dizem neste post/comentários...
Muitas vezes para sobrevivermos a quem tem mais recursos/poder que nós, temos que recorrer a este tipo de defesas, sejamos nós homens ou mulheres. São situações com que somos confrontados na vida e temos que saltar por cima dos nossos valores, engolir sapos e agir de forma diferente do que faríamos fora daquele contexto!!!
Mas voltando a particularizar este caso, é mais que sabido que o machismo (infelizmente) ainda existe e apesar de, tal como a Maggie disse, não estar tão presente na nossa geração, está bastante presente na geração daqueles que hoje em dia se encontram em lugares cimeiros...

E já agora, deixo-te a seguinte pergunta: O que sugerias a uma amiga tua que fizesse caso não fosse levada a sério ou tida em conta profissionalmente por ser mulher? Espero sinceramente que a resposta não seja na onda de trabalhar mais, mostrar mais resultados ou outra deste género, pq isso seria do mais machista que poderias responder...